terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Ao que chega uma mãe...

Sentada, na sanita, de porta quase fechada e às escuras, vejo pela nesga da porta o meu terrorista à minha procura. Dou por mim a baixar o telemóvel para ele não ver a luz e não dar por mim. Mais parece que estou escondida de um bandido. 
O que não faz uma mãe para poder c***r à vontade!!!!



Fui descoberta! A mais velha fala comigo do corredor e ele percebe. Nunca mais vou ter sossego neste cantinho...

terça-feira, 18 de novembro de 2014

"Mamã, alguma vez vais voltar a andar de forma normal?", pergunta ela, enquanto desço as escadas agarrada à parede e aflita dos músculos das pernas. Aflita de todos eles, que me parecem uns 500. 
10km fazem mossa. Mas só fazem mossa a quem não treina com regularidade. Se calhar está na hora de mudar a minha estratégia de corrida e em vez de me armar em aventureira, começar a incutir em mim uma rotina de treino. Agora vou só ali ao lado agarrar-me ao corrimão para conseguir descer escadas.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Sabes aquela história do «Um dia corro ao teu lado e falamos da vida»?
Esquece lá isso. Ou corro ou falamos da vida. 
Se for como ontem, que fiz 10 km em 1h25m, num percurso sempre a subir e sem ter treinado nada nas útlimas duas semanas, vamos passar muuuuito tempo a falar da vida sem ser a correr. Pode ser que um dia. Mas vai demorar muito tempo.

sábado, 15 de novembro de 2014

Sábado à tarde. Já fui trabalhar e já vim. Estou enfiada em casa com dois putos a brincar sempre de roda de mim. De vez em quando o mais novo agarra-se-me às pernas e não me deixa andar. Já fez uma birra tal que bateu com a cabeça no chão e ficou com a marca do tapete na testa. A mais velha vê o concerto da Violetta e canta como se estivesse em Milão.
Às vezes isto cansa. Mas caramba, não trocava esta vida por nada! 


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O bom de ter uma criança de 16 meses em casa...


... é ir encontrando, por todo o lado da casa, objetos em sítios onde não pertencem.
Mais trabalho na arrumação e organização, pois claro, mas um sorriso de cada vez que surge uma destas 'surpresas'. 

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Ahhhhhh... as maravilhas da escola pública

- Mamã, sabes que o pai da minha colega C. está na prisão?

- (depois de engolir em seco) A sério? Então como é que sabes?

- Foi ela que me disse! se calhar o pai dela andou à luta com um homem mau e depois foi ele que foi para a prisão.

- Não, meu amor. As pessoas que estão na prisão é que são as pessoas más. Mas isso não quer dizer que as pessoas da família dele também sejam más. A C. é tua amiga?

- Sim.

- Então continua a ser amiga dela porque se ela não te fez mal nenhum, não tem culpa do pai estar na prisão.
6 da manhã lá em casa.
Sr. Vasco berra porque quer colo e um biberão de leite, ainda que tenha bebido um às 2 da manhã.
E eu, teimosa, acho que pequena criatura tem-mas-é-que-parar-com-isto-porque-não-estou-para-o-aturar todas as noites. Depois diz-me um «oiá» com as lágrimas nos olhos e eu cedo.

Cedo mas, ainda que vencida pela beleza deste safado, cogito uma maneira de me vingar: em primeiro lugar vou filmar estas aventuras noturnas, os gritos na escuridão. Depois… ahhh, depois, Sr. Vasco, quando tiveres 20 anos e fores sair com os teus amigos até às 5 da manhã, não venhas dormir a casa porque é bem provável que a partir das 06h30 – quando o teu sono já for profundo e descansado – comeces a ouvir os teus gritos noturnos em modo repeat, e com o volume no máximo. Estou só a avisar…

quarta-feira, 12 de novembro de 2014


Fizemos o nosso primeiro acordo comercial há uns dois ou três dias. Ela andava a dizer que queria fazer um ditado, mas 'agora não' ou 'mais daqui a bocado'. 
"Então e se fizermos agora o ditado e eu amanhã te comprar a revista da Violetta que tu tanto queres?" Desafio aceite na hora, pois claro.
Minha rica princesa, tão pequenina, seis anos acabados de fazer e já manda o pai piar... por escrito.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Regressar nunca é fácil

Parar de fazer algo que durante um período de tempo fizemos e em que nos tornámos melhores a cada dia, faz com que o regresso seja penoso. É o que acontece comigo, de cada vez que páro* uns tempos de correr. 
Ontem iniciei a minha época desportiva 2014/2015 - decididamente, correr no verão não é para mim - e não foi fácil. Lancei-me à estrada e corri a um ritmo confortável. quando olhei para o relógio, estava acima daquilo que é o meu normal. Pensei em abrandar mas, ao mesmo tempo, estava bem. Ás tantas começou a ser teimosia. «Só 15 minutos, só até ali, só mais um bocadinho». Ao fim dos 15 minutos tinha feito mais de 2km, com uma média abaixo dos 7m/km. Não é o meu ritmo, não é o ritmo que me permite usufruir do 'passeio' e apreciar os benefícios da corrida. Fiz o caminho de volta a caminhar, completamente esbaforida. 
Decididamente, tenho que ouvir o meu corpo. Ou então, correr ao lado dele (abaixo dos 5m/km) torna-se uma tarefa impossível.



* tenho vindo a adotar, aos poucos, o Novo Acordo Ortográfico, e até já me habituei. Mas não me peçam para escrever paro em vez de páro. E não quero saber se aparece o sublinhado a vermelho a indicar que está errado. 

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Stress pós-férias...

...é o que sinto. 
Acabadinha de regressar das férias, queria ir outra vez. 
Por outro lado, em agosto, neste meu local de trabalho, consegue respirar-se um pouco de alívio e ter uns dias calmos, como que a ganhar fôlego para as semanas atribuladas que setembro sempre nos traz.
Duas semanas fora, uma ida ao Algarve e outra à Serra da Estrela cansou-nos tanto que os últimos dias foram passados em casa, no conforto do lar, a gozar as mini-criaturas. Piriquito-mais-novo, no alto dos seus 13 meses e das suas pernas ainda instáveis na arte do equilíbrio, é um terror. As viagens de carro são intermináveis, com gritos (aí a partir dos 20/25 minutos de viagem) só comparáveis às matanças do porco tipicamente portuguesas, e ir até à praia é fixe, quando não tem que se carregar 1251245 coisas.
Note to ourselfs: nunca mais tirar férias ao mesmo tempo que TODOS os avós. Precisamos sempre de, pelo menos, um 'backup-plan', para quando quisermos estar só os dois, em silêncio, ou à vontade na sanita, por exemplo,

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Mudanças

Estamos numa época de mudanças cá em casa. 
Criatura mais velha está na iminência de entrar no ensino básico e uma vez que temos criança de outubro, o lufa-lufa familiar dos últimos tempos tem sido o «entra? não entra? vai para o público? vai para o privado? fica no pré-escolar?».
A decisão está tomada: entra de certeza, no público ou no privado, mas vai para o 1º ano aprender a ler e a juntar as letras até conseguir formar palavras.

Pequena Clara tem cinco anos, quatro em casa dos avós e um no jardim-de-infância. No ano letivo de 2012/2013 inscrevemo-la no ensino público e não entrou. Como tinha duas amigas da mesma idade em casa da avó resolvemos deixá-la ficar onde estava. Mas não esperávamos que as duas amigas se fossem embora e que ela passasse um ano com crianças mais novas. Foi um ano difícil, sentimo-lo bem. A frustração era muita, as saudades das amigas também, o tempo de lazer com a avó era escasso. Erradamente, não agarrámos a situação com as duas mãos. Criatura mais pequena vinha a caminho e as atenções (e as contas) estavam desviadas para outro lado. Hoje sabemos que não foi a melhor opção e dificilmente se repetirá com o irmão. Daí a decisão de fazer todos os esforços possíveis (logísticos, financeiros) para garantir que este é o ano em que vai aprender a escrever. A professora do jardim de infância aconselha, a análise psicológica diz que está apta e ela... ela anda ansiosa por poder juntar letras, como tantas vezes faz, e conseguir interpretar o resultado. 

As listas de colocação das escolas públicas onde a inscrevemos saem na terça-feira. Os contactos com a escola privada que mais nos atrai estão feitos e os valores do ensino privado estão mais do que assimilados. São apenas mais uns dias com o coração perto da boca, com aquela sensação de que há alguma coisa na minha vida que precisa de ser esclarecida. 

Vai correr bem. Eu sei que vai. De uma forma ou de outra, ela vai (continuar a) ser feliz. 

sexta-feira, 30 de maio de 2014

A vida sem máquina de lavar loiça

A vida sem máquina de lavar loiça é uma merda. Isso mesmo, uma bela caca!
Uma pessoa só sabe o quão feliz é quando deixa de o ser. E eu era tão feliz com a minha máquina de lavar loiça.
Há quatro dias deu o peido-mestre e eu estou fartinha, fartinha de lavar loiça. No primeiro dia estive uma hora de roda dos tachos, no segundo 40 minutos. Ontem foram só 25 minutos porque não fiz comida em casa. Tempo que podia ser tão bem empregue noutras tarefas diárias. 
Ora, eu não sou dada a tecnologias, a máquinas e muito menos a 'bichos' eletrónicos que decidem não colaborar comigo. A bem da verdade, eu resolvo as coisas à pancada. Seja o comando que não muda de canal e que leva uma cacetada e funciona, ou a máquina de lavar loiça que NUNCA começa a trabalhar sem levar um pontapé bem aviado. 
Eu não sei se a minha máquina de lavar loiça adotou as dores da amiga do lado e se está a fazer greve de zelo comigo, mas que está quase, quase, quase a levar uma berlaitada bem avida, lá isso está. Pode ser que assim comece a trabalhar como a amiga.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

A minha vida é uma mentira

Pois é, acontece a muitos. Aconteceu-me a mim também. Nunca pensei que chegasse o dia em que diria estas palavras: a minha mãe não é a pessoa que eu sempre pensei que fosse!
Pois que fui à conservatória civil levantar o Cartão do Cidadão de senhora minha Momi.
“Confirme se está tudo bem no cartão de senhora sua mãe”, diz-me a gentil funcionária.
“Errr, pois… não está. O nome de senhora minha mãe está incompleto. Falta-lhe o apelido”.
Ora confirma aqui, ora confirma ali e vai-se a ver e aquando da feitura do cartão, naquela mesma conservatória, senhora minha Momi assinou o papel com o nome incompleto, como que a dizer: “Está tudo bem por aqui, faça-se o meu cartão mesmo assim que eu agora não trouxe os óculos e não vejo letras miudinhas”.
Então e agora, penso eu? Lá vai ela ter que vir para aqui outra vez, marca-se mas é já isto para amanhã para fazer um novo que isto tem que ser remediado, não vai a mulher andar com o nome incompleto, e deixa-me cá ver como é que faço com o puto, se calhar fica com o meu pai porque amanhã… “Mas olhe que na certidão de nascimento da sua mãe não consta o apelido. Nem qualquer averbamento a dizer que adotou o nome do marido.”
Silêncio….
“Pode repetir? Não estou a perceber…”
Resumindo: senhora minha Momi toda a vida se chamou Momi da Silva Santos Smith (chamemos-lhe assim). Momi da Silva Santos de seus pais, Smith do marido. Pois que não. Que toda a vida se chamou apenas Momi da Silva Santos porque nunca foi averbada a adoção do apelido aquando do casamento, ocorrido por terras de África.
“Então mas… e o bilhete de identidade, o cartão de contribuinte ou o cartão da segurança social que eu aqui tenho, todos com o apelido Smith?”
“Tudo falso! São todos falsos!”
Moral da história: era uma vez um bilhete de identidade que antigamente se fazia manualmente. A pessoa ia ao arquivo de identificação, preenchia os papéis à mão e, calhando em sorte, tinha do outro lado uma pessoa que confirmava tudo. Calhando em má sorte, levava a certidão de nascimento e a certidão de casamento, preenchia e assinava tudo com o apelido novo e ninguém lhe dizia que não batia a bota com a perdigota e vamos-lá-embora-que-há-mais-gente-para-atender! A partir daí, tem em sua mão um documento falso, que cria todo um rol de renovações falsas e novos documentos falsos.
Uma vez que tem que tratar desta alteração na conservatória civil da terra que a viu nascer, senhora minha Momi diz que se calhar nem se vai dar ao trabalho de fazer essa alteração e de pagar mais 15€ por um novo cartão e "deixa lá isso que agora vou fazer o almoço".
É bom que se dê a esse trabalho porque, resumidamente:
O meu cartão do cidadão diz que sou filha de senhora Momi da Silva Santos Smith = FALSO!

A certidão de nascimento dos meus filhos diz que são netos de senhora Momi da Silva Santos Smith = FALSOS!

segunda-feira, 26 de maio de 2014

A propósito das europeias

Não fui votar. 

"Vou votar no mais giro", disse à minha rica-sogra.
"Naquele do coração?"
"Não! Não é no partido com o símbolo mais giro. É mesmo no candidato mais giro."

Pela primeira vez, não me dei ao trabalho de sair de onde estava para ir às urnas e marcar a cruz. Não honrei quem lutou e se sacrificou pelo meu direito a escolher, quem lutou para que ontem eu pudesse optar por não votar.
Não votar nas Europeias, para mim, equivale à importância que damos às notícias. As que nos tocam mais, são as que nos estão mais próximas. Por isso voto, com entusiasmo, nas autárquicas, nas legislativas e nas presidenciais. Votar nos candidatos das europeias é votar em alguém que depois se esquece durante quatro longos anos. É mais ou menos como o sistema solar: sabemos que estão lá, mas não nos ralamos com eles para nada. Só por isso fico satisfeita com a eleição de Marinho Pinto. Ao menos desaparece por uns tempos. Tenho pena é pelo João Ferreira da CDU. No fundo, no fundo, se calhar não fui votar para que ele continuasse no parlamento português. Ele, que era o candidato mais giro. Perdão, o único candidato giro.

domingo, 25 de maio de 2014

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Cá em casa somos quatro.
No início começámos por ser só dois, mas depois veio mais uma e a seguir mais um, para compor uma história que começou há precisamente 16 anos.
Desses dois jovens que a 23 de maio de 1998 deram o primeiro beijo resta muito pouco. Resta a teimosia dos dois, mas foi-se a minha preguiça e o cabelo dele. 
Aos poucos, juntaram-se-nos duas pequenas criaturas. Ela, espevitada e de resposta sempre pronta, do alto dos seus saltos-altos-tamanho-27-para-5-anos; Ele, dorminhoco e bem disposto, a mostrar que só são precisos 10 meses e um sorriso de oito dentes para se conquistar o coração de alguém.
Esta história começou há 16 anos, já tem muitas estórias entrançadas neste percurso e tantas mais ainda por acontecer.