sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Não sou pessoa de verbalizar objetivos. 
Não quer dizer que não os estabeleça, mas na grande maioria das vezes, não os verbalizo. Tenho plena consciência que o faço por não gostar de falhar. Com os outros, principalmente, porque para comigo já falhei objetivos por diversas vezes. Não gosto, mas acontece.
O facto de não os dizer, faz com que não existam, e eu não gosto de andar a espalhar por meio mundo que vou fazer isto ou aquilo e depois ver-me como um grande 'flop'. Quando quero mesmo, faço e pronto. Depois de feito, já está!
Mas para este mês que hoje se inicia (cá em casa trabalhamos ambos para a função pública por isso, se o nosso mês financeiro começa hoje, o nosso mês para objetivos também pode começar hoje) quero verbalizar dois objetivos: correr 50 km e ler um livro!
De 21 de agosto a 21 de setembro!
Vamos a isto, Jane Doe?
Vamos lá!


quarta-feira, 19 de agosto de 2015


Quando engravidei pela primeira vez, tive sempre a certeza que queria que o meu bebé nascesse de parto normal. Queria ser eu a protagonista daquele momento, e cheguei, inclusive, a pedir ao médico para me deixar puxar o bebé para fora, mas no momento certo, quando ele me disse «É agora, puxe!», não consegui.
Quando engravidei pela segunda vez, disse para mim vezes sem conta que desta vez é que era! E pedi ao meu homem para me dar dois estalos se eu dissesse novamente que não conseguia, e para me levantar as costas e segurar-me para que eu pudesse, enfim, realizar o meu desejo de puxar o meu bebé.
Quase no termo da gravidez do Vasco, soube que ele continuava sentado e que, por isso, o mais provável seria ter que fazer uma cesariana. Nunca coloquei, sequer, a hipótese de ter um parto normal com um bebé pélvico e, ainda que durante o tempo que me restou de gravidez me tenha custado muito aceitar que, desta vez, a protagonista não seria eu, fui-me mentalizando para a cesariana que veio a acontecer a 16 de julho.
O meu Vasco nasceu quando eu estava deitada, à espera que tudo acontecesse. E vi-o sair da minha barriga, a berrar a plenos pulmões - Típico! 
A cicatriz que tenho hoje lembra-me o momento mágico e único que aquele momento foi, e não faz de mim nem menos protagonista daquele momento, nem menos mãe.


Créditos da foto: 

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

E por falar em palavras feias…
Às vezes dou por mim a pensar que há alguma coisa que, nesta minha história da maternidade, bate certo.
Antes de entrar para o primeiro ano, a Clara conhecia uma ou duas palavras feias. Em casa, por norma, não dizemos. O homem não tem por hábito soltar uns palavrões e a mim de vez em quando salta-se-me um ‘fuck’ (assim mesmo, em inglês) ou um ‘merda’. Mas sempre nas costas da criançada.
Aqui há uns tempos, estávamos as duas sentadas no sofá da sala. Eu a ver televisão, ela a jogar tablet. E assim, do nada, sai-se com uma dúvida:
“Mamã, foda-se é uma asneira?” – Assim mesmo, sem me preparar minimamente e sem nenhum pudor. Afinal, aquela era uma palavra normal até então.
Perante a minha cara e os meus sons de pânico - que acompanhei com um “É uma asneira daquelas bem grandes e feias e nunca mais deves dizer essa palavra!” – desatou a chorar.
“Eu não sabia”, chorava ela. “Por isso é que te perguntei!”. E eu, lá acalmei a minha reação e expliquei-lhe que o que ela fez foi o mais correto, ou seja, perguntar-me assim em privado, e fazê-lo sempre que tenha alguma dúvida.
Nos entretantos, foi-me perguntando por uma ou outra palavra que ouvia no recreio, e eu fui-lhe dizendo quais eram as outras, aquelas mesmo feias, que não devemos dizer.
Num destes dias de férias, estávamos os quatro sentados a lanchar, quando se falou nos puns do papá (sim, à mesa!) e ele respondeu: “Sabes? Isto vai dar merda!” Eu ri, ele riu, e quando demos conta, ela chorava desalmadamente, enquanto dizia: “Eu não gosto de pais mal-educados!”

Moral da história: o tio diz palavrões daqueles bem feios, alto e bom som, e ela nem pestaneja! O pai (ou a mãe, há uns dias) dizem ‘merda’ e começa o dilúvio. Ainda não percebi muito bem o alcance destas reações, mas por enquanto, deixam-me orgulhosa.